Os Maias, uma sugestão de leitura
Os olhares dos alunos do 11º E cruzam-se no universo de Os Maias. Fixam um momento marcante, uma personagem inspiradora, uma cor, um espaço envolvente. Segue-se o registo de impressões de leitura em ilustrações e breves comentários. Estímulos subjetivos que emergem, convidando a um novo olhar sobre o romance ou simplesmente à sua (re)leitura…

Considero este momento determinante
na relação amorosa entre Carlos e Maria Eduarda. Penso que nele existe um pouco
de drama (“E não pôde mais, tombou para o chão (…) perdida de choro. “).
Contudo, o amor, a bondade e a paixão de Carlos falaram mais alto (“…grandiosa
bondade misturou-se à sua paixão.”), tornando o clima envolto em emoções. No
fundo, diria que se transmite um certo tumulto de sentimentos. Por outro lado,
o pedido de casamento pareceu-me diferente, não só pela maneira como foi feito
( “- Maria, queres casar comigo?”), mas também pelas circunstâncias em que
ambos se encontravam, que não eram propriamente aprazíveis (“…perdida de
choro.” “…ferido no coração.”).
Este poderia ter sido o
desfecho do romance, um desfecho marcado pela
explosão de vários sentimentos contraditórios, indecisões, e pelo facto
de o amor ter superado as adversidades. E superou, pelo menos momentaneamente!
Débora Monteiro, 11º E
texto2
A visita inesperada que Castro Gomes faz a
Carlos constitui o início de uma peripécia destinada a testar o amor entre
Carlos e Maria Eduarda, o elemento catalisador de uma catástrofe: ”Castro Gomes
sentou-se vagarosamente. No peito da sobrecasaca muito justa trazia um botão de
rosa; os seus sapatos de verniz resplandeciam sobre as polainas de linho; (…)
os cabelos rareavam-lhe na risca; e mesmo a sorrir tinha um ar de secura, de
fadiga.(…)
Carlos defronte, numa
cadeira, com os punhos fortemente fechados sobre os joelhos, conservava a
imobilidade de um mármore. Carlos recaíra na cadeira, assombrado. E agora a
lentidão adocicada daquela voz ia-se-lhe tornando intolerável. O outro passou
os dedos no bigode, e prosseguiu, devagar, arranjando as suas palavras com
cuidado e precisão.”
Eça de Queirós presenteia-nos com uma elevada
dose de ironia, sendo delicioso observar a satisfação negra de Castro Gomes ao
humilhar Carlos, desvendando o passado de Maria Eduarda.
(Ana
Margarida Cavaco, 11º E)
Texto3
Maria Monforte, mãe de
Maria Eduarda e de Carlos, arrebata com a sua beleza Pedro da Maia, assim que
ele a vê no Chiado: “…oferecia verdadeiramente a encarnação de um ideal da
renascença, um modelo de Ticiano.” Desperta-lhe uma paixão avassaladora, que nem
o seu passado obscuro nem a oposição direta de Afonso da Maia conseguirão
derrubar.
texto 4
(Mafalda Toco, 11º E)
texto5
A Vila Balzac é referida n` Os Maias como "um chalezinho
retirado, fresco, assombreado, sorrindo entre árvores. Passava-se primeiro a
Cruz dos Quatro Caminhos; depois penetrava-se numa vereda larga, entre
quintais, descendo pelo pendor da colina, mas acessível a carruagens; e aí, num
recanto, ladeada de muros, aparecia enfim uma casota de paredes enxovalhadas,
com dois degraus de pedra à porta e transparentes novos de um escarlate
estridente."
No seu quarto destaca-se a cama,
que parecia ser o centro da casa, e "um largo cortinado de seda da Índia
avermelhada envolvia-o num aparato de tabernáculo". Para Ega, este deveria
ser um espaço onde “estudaria”. Segundo
ele, esgotara ali a sua imaginação artística. A cor predominante era
o vermelho, sugerindo o culto do satanismo e a paixão. Ao lado da cama, estava
um espelho que nos revela o lado narcisista de Ega. Espalhados pelo quarto
estavam livros de autores de renome, que tornam evidente o seu lado
intelectual, e que contrastavam com os diversos objetos deixados ali pelas
mulheres que o visitavam, uma “…caixa de pó de arroz no meio de plastrões…”e
“…ganchos do cabelo ao lado de ferros de frisar…”, denunciando o seu lado
boémio e apaixonado.
(Teresa Gonçalves, 11º E)
Sem comentários:
Enviar um comentário